sábado, 14 de julho de 2012

A teoria do caos





No colégio estava aprendendo sobre entropia, o que o professor disse ser a medida do grau de desorganização de um sistema. Ele disse também que o tempo só pode ser calculado tendo como referência essa desordem crescente.

Você arruma sua cama todo dia. Mas existe uma tendência natural dela se desorganizar, é necessário que você exerça um trabalho para mantê-la arrumada. Outro exemplo é o seu quarto, mesmo deixando-o intacto, a poeira se acumula sobre a mesa, seus livros mofam e as roupas do armário acabam por servir de alimento às traças. Nós estamos nesse momento oxidando a cada respiração e desfalecendo a cada metabolização do nosso corpo. 
Não muito convencido perguntei ao meu professor sobre as crianças que estão em formação e crescem se desenvolvendo cada vez mais. Tive como resposta que elas simplesmente desorganizam os alimentos ingeridos para se desenvolver, quebrando as proteínas e carboidratos... Se pensarmos bem, a vida se trata dessa relação, todos tentando lutar contra o tempo, se manter inteiros para não perecer. Seja na seleção natural, cadeia alimentar, intrigas no trabalho (mesmo na maioria das vezes não tendo consciência disso). Isso tudo só me fez lembrar de um verso do Marcelo D2 "Eu me organizando posso desorganizar". 
O professor vendo que eu fiquei muito interessado acabou desviando um pouco da matéria. Tomou como exemplo o Big Bang, a famosa explosão que dizem ter originado o universo que conhecemos. Afinal o universo está em expansão, acelerada ainda por cima. Pensei que talvez fosse por isso que cada ano que passa temos a sensação do tempo passar mais rápido. O Big Crunch é outra teoria que diz que após o universo alcançar seu tamanho máximo voltará ao seu ponto de origem. 
Os hindus diziam algo parecido na sua concepção sobre o surgimento de todas as coisas. Que cada respiração do deus Brahma corresponderia a expansão e contração do universo, que demoraria bilhões de anos. 
Seguindo o raciocínio do tempo passar na medida que o universo vai se desorganizando e se expandindo, meu professor explicou que quando ocorrer essa retração, o tempo voltaria. E completou dizendo que nós não teríamos como saber se estamos avançando ou voltando no tempo. Foi aí que eu me confundi mesmo. 
Não conseguia admitir essa idéia. Depois de questioná-lo ele tentou me explicar. Nós sabemos que estamos em um dado momento da história devido ao conhecimento que adquirimos ao nosso redor. De de acordo com as nossas lembranças nós podemos associar o nosso passado com a situação de agora. Nós passamos por A, B, estamos em C e esperamos ir para D. No entanto se estivermos voltando no tempo, poderíamos simplesmtente já ter passado por D mas esquecemos. Voltamos para C com a ingênua espectativa de estar evoluindo, sem se dar conta de que já pode ter passado por D, E, F... 
É possível então que estejamos todos vivendo em um mundo de ilusões, apenas com a sensação de ver o tempo passar, tomar decisões, enquanto na realidade o destino de cada um já foi selado há muito "tempo".
Já vi uma viagem parecida em um filme chamado Waking Life. Esse filme fala muito sobre sonhos e nos faz pensar sobre eles de maneira diferente. Porque realmente, enquanto um sonho está acontecendo ele parece real. Quem garante que você não está sonhando nesse momento? Comentaram que depois que alguém morre, dependendo das causas, o cérebro continua funcionando por algum tempo antes de "desligar" por completo. E associaram com aquela história de que antes de morrer as pessoas têm um flashback, como se fosse uma restrospectiva da vida toda. A ideia que o filme passa é ainda mais assombrosa: Quem garante que você já não é um idoso em seu leito de morte rememorando sua vida toda em um último delírio?
De fato esse debate me deixou abalado, em estado de choque. Isso porque chegamos a uma possibilidade científica que coincidiu exatamente com uma sensação que eu tive dias antes em relação ao sentido da vida. Se isso tudo realmente tinha algum propósito e algo em mim, de um empirismo muito forte dizia que não. Revivi esse momento de desilusão, de certo pânico naquela discussão aonde a "ciência" parecia reafirmar todo esse pensamento que vinha me perseguindo.
Disse ao meu professor que iria demorar um tempo para voltar a ver a vida como eu via antes. Para ser capturado novamente pelo raso mundo das coisas cotidianas. Pois estava meio aéreo com uma perspectiva externa à nossa realidade.
Perguntei pra ele o porquê disso tudo. Ele respondeu que novamente eu estava fazendo a pergunta errada. A física não estuda os "porquês", isso cabe à filosofia e à religião. O único "porque" que a física utiliza é o famoso "porquê não".
Também perguntei se não era desanimador depois de anos dedicados à física para entender o mundo dar de cara com essas ideias. Mas ele falou que não se pode fazer nada. Realmente nós não devemos ficar nos lamentando. Porque o mundo, para os que vivem nele, é real. 
Temos que tirar a melhor experiência dessa vida. Tanto das coisas boas como as ruins. Se estamos aqui por algum motivo é para termos experiência de certo. Estamos aqui para gozar a vida, nos permitindo  ser felizes. Segundo meu professor, comer bacon e fritar o cérebro jogando videogame também pode ser um bom ideal de vida dependendo da perspectiva. E eu concordo, quem sou eu pra dizer o contrário?

Erik Schnabel

segunda-feira, 18 de junho de 2012

O grito


O medo é fundamental para a sobrevivência do ser humano. De maneira quase instintiva nos faz fugir do perigo. Já o pânico é um estado em que o indivíduo perde completamente a razão, por alguns instantes, se desconecta da realidade. Sob uma intensa cartase pode explodir, vomitando toda a angústia e agonia que até então pesavam nas entranhas.
A volta para a realidade se faz de pouco em pouco. Vários elementos representam esse "religar", como as coisas importantes para si e a necessidade de lutar por elas. Percebemos que na vida não vale apena só existir ou se lamentar. Temos que tirar de todas as experiências algo positivo e tentar enfrentar nossas próprias sombras, buscando sempre a evolução.




Erik Schnabel

quarta-feira, 6 de junho de 2012

A busca do ser humano pelo equilíbrio nos dias de hoje

O absolutismo monárquico acabou, ocorreu a acenção da burguesia e do proletariado. "Liberté, égalite e fraternité".
  Os antigos mestres artesãos, deixaram de ser donos do seu tempo. Pois a burguesia industrial, ávida por maiores lucros, menores custos buscou alternativas para maximizar a produção de mercadorias. Foi na idade moderna que surgiram métodos como o fordismo e o taylorismo.
Hoje em dia a servidão acabou, escravidão também, deixamos de obedecer a um rei mas passamos a seguir cegamente as ordens de um líder muito mais obscuro: A ganância.
Cédulas e moedas assumiram o papel da amizades e do respeito. Os meios substituíram os fins. Trabalhamos sem parar a vida toda juntando fundos para a aposentadoria. Felicidade passou a ser um mito e sacrificamos nossa saúde física e mental em busca de status social.
Platão, em "A república", sugeriu que todos trabalhassem de acordo com sua vocação. Instituímos uma república de fato, mas distorcemos valores fundamentais para uma vida equilibrada. Não estamos vivemos sob uma teocracia, ou um regime totalitário, mas não é muito diferente disso. Louvamos um deus de papel e trabalhamos por ele. Nossos governantes pregam a liberdade, mas nos amarram à um sistema impossível de se  desvencilhar. Bem vindos ao mundo capitalista. 
Nessa organização social existem as desigualdades. Privilégios e desvantagens entre os indivíduos. Nós acabamos esquecendo que quando alguém tem muito, existe outro que não tem quase nada. Até sob uma visão macro podemos observar que alguns países desenvolvidos e super organizados enriqueceram por meio da exploração de outros.
Nas circunstâncias atuais, um país subdesenvolvido ou emergente tem imensa dificuldade de oferecer boas condições de vida para toda a população. Saneamento básico, saúde pública, acesso a água potável e instalações elétricas infelizmente não fazem parte da realidade da maior parte da população mundial.
A educação em muitos países de situação precária não é prioridade, porque o investimento nessa área não gera lucro. Pensar a longo prazo é difícil para um povo com fome.
São consequências da industrialização e urbanização de países subdesenvolvidos o exôdo rural e a migração para as grandes metrópoles. Também devido às péssimas condições de vida no campo. Na maioria das vezes essa transição é conflituosa e desorganizada. Desse modo as grandes metrópoles não conseguem abarcar tantas pessoas e nem o governo consegue ateder às necessidades de todos.
Ocorre um aumento no desemprego e proliferam então as submoradias, favelas e moradores de rua.
Outro dos grandes problemas do cidadão comum de hoje é uma rotina massacrante. Seja no trabalho ou na escola, as pessoas estão sempre sob muita pressão.
Nos fazem crer que somos todos competidores ao invés de trabalharmos por um objetivo em comum. O individualismo é um conceito que se adéqua bem à nossa realidade. Nossa vida cotidiana está sendo moldada por vários fatores que causam grande impacto na psiquê humana.
Existem muitos distúrbios que começam na mente e acabam por afetar aspectos físicos do indivíduo. São elas as chamadas de doenças Psicossomáticas. A mente e o corpo têm uma íntima relação. Na maioria das vezes quem faz essa ponte são os mecanismos inconscientes.
A substituição da mão de obra no campo pela máquina no sec. XVIII causou um grande stress na vida dos trabalhadores. Assim como a constante obsolescência percebida em vários campos de tecnologia no ambiente de trabalho também é um grande indicador de stress nos dias de hoje.
Devido à explosão demográfica nas cidades, o número de carros também aumenta, o trânsito se torna insuportável, assim como a poluição sonora.
Para qualquer lado que viramos existe uma propaganda ou um comercial. É certo que a publicidade é essencial para o comércio e a livre concorrência mas chega um ponto que nossa mente fica saturada de tanta informação.   
Estresse ocupacional, Síndrome do pânico e Depressão são exemplos das consequências do nosso estilo de vida moderno.
No séc.XX, as drogas também passaram a ter um novo significado, não meramente curativa ou ritualística mas ligada à busca do prazer.
Visto por muitas pessoas como fuga de uma dura realidade, o uso de drogas aumentou nos últimos tempos. Irônicamente o uso indiscriminado de drogas pode tornar o usário mais vulnerável a outras patologias psiquiátricas.
Existem alternativas mais saudáveis aos famosos “tarja preta”. A própria medicina oriental apresenta algumas como a acumpuntura ou a medicina védica, que se integram com os vedas (os mais antigos registros conhecidos da experiência humana). Os orientais tratavam a saúde do corpo e da mente como uma só. Buscavam uma unidade com a natureza e todo o universo.
Uma higiene mental eficaz é uma boa defesa contra tantas agressões. Devemos reconhecer que hoje em dia existe um padrão de beleza idealizado e moldado pela mídia impossível de se alcançar. Nós temos que nos aceitar do jeito que somos e ter uma visão mais vertical em relação a vida. É sempre bom conversar consigo mesmo e buscar sempre o crescimento pessoal.
Um filósofo romano, Junius juvenalis, já dizia “mens sana in corpore sano” ou seja: mente sã corpo são.
Como nós não somos apenas mente, devemos também cuidar no nosso corpo. Afinal, ele é a ferramenta mais importante para a nossa sobrvivência sob as circunstâncias deste planeta.
Para manter nosso físico saudável, precisamos de uma boa noite de sono, uma alimentação equilibrada e praticar exercícios físicos regularmente.
Lembro que já li um artigo sobre uma pílula que afirmava reduzir as horas necessárias diárias de sono. Fiquei espantado com essa notícia. A mente humana é muito complexa, o sono existe por um motivo. Não será um medicamento que vai conseguir suprir essa necessidade. Inúmeras devem ser as consequências de seu uso longo prazo.
Disseram que o objetivo era para aproveitar mais o tempo acordado. Tenho certeza que só foi desenvolvido para no fim fazer as pessoas trabalharem ainda mais.
Como consequências da Revolução Industrial, houve também uma revolução agrícula, ou seja, uma modernização da agropecuária que, ao longo da história, foi possibilitando a transferência de pessoas do campo para a cidade, principalmente como resultado da mecanização da agricultura. Tendo em vista o suprimento de uma super população mundial, foram desenvolvidos os agrotóxicos e transgênicos. Mas devemos nos conscientizar que nem todos esses meios utlizados para uma maior produção de alimentos são considerados saudáveis. Até hoje não se sabe, de fato, quais são as consequências dos alimentos modificados geneticamente.
Devido à rotina frenética dos trabalhadores, hoje em dia, se tornaram muito populares os ditos “fast-foods”. Mesmo não sendo nem um pouco saudáveis, se adaptaram à rotina de milhões.
No Brasil, mais de 60% dos adultos que vivem em áreas urbanas não praticam um nível adequado de exercício físico. Boa parte destes números se deve ao famoso estilo de vida atual. Quando a maior parte do tempo é gasto assistindo TV ou usando o computador.
O luxo é bom até certo ponto. É verdade que a tecnologia tem avançado muito no últimos tempos e está tornando o dia-a-dia das pessoas mais fácil. Porém quando o luxo se tornando excessivo, passa a ser nocivo para a saúde. Quando o computador deixa de ser ferramenta, veículo de informação e se torna entretenimento pura e simplesmente acaba sendo mais danoso do que benéfico.
O sedentarismo associado a uma alimentação deficiente está gerando grandes problemas como a obesidade, hipertensão entre outros. 
Sabemos que tudo o que acontece agora conosco tem um motivo, seja histórico, biológico ou espiritual. Assim como tudo que fazemos nos dias de hoje pode acarretar em grandes estragos em nossa vida, na sociedade ou no mundo futuramente.
Cada vez que analisamos mais o modelo econômico que coordena nosso estilo de vida passamos a ver mais problemas, muitos relacionados à saúde. Por outro lado devemos reconhecer que também existem muitos aspectos positivos advindos do capitalismo.
Nenhum sistema é perfeito, mas cabe a nós fazer o possível para melhorá-lo. Na situação atual, o foco é o lucro. Devemos então, fazer mais como os orientais. Ter como foco o equilíbrio e o bem estar. Não só a saúde humana como a do mundo, de todos que nele habitam e reconhecer a nossa unidade com o cosmos. 






Erik Schnabel

quarta-feira, 21 de março de 2012

Reencontro




 Eu estava na estação de trem, em um café. Lia o jornal despreocupado com o horário. Porque meu trem só partiria em 3 horas e eu já estava pronto.
 A voz de uma mulher me chamou a atenção, era familiar, muito suave e delicada. Eu me virava de um lado pro outro tentando descobrir de onde vinha aquela voz. Finalmente a vi, de costas, conversando com um segurança. 
 "Será que é ela? Mas de dreadlocks?", pensei "aquela mesma garota que estudou comigo no colegial?!"
A moça deu uma risadinha, agradeceu ao segurança e se virou. 
 "Não pode ser... é ela mesmo!!"
 Nao sabia direito o que fazer, não sabia se lembraria de mim. Esperei pra ver se ela olhava, para então acenar. Ela passou reto. Resolvi chamá-la:
 -Tainá!
 Ela se virou surpresa, mas logo me reconheceu. Eu me levantei e fui comprimentá-la.
 ...Berlim, Londres, Nova Deli... Uau! Quantas viagens! E que coincidência nos encontrarmos ali, em uma estação de trem tão distante do Brasil. Eu tinha trabalho lá, ela apenas a intenção conhecer o mundo. 
Lá estava aquela menina que sempre foi tranquila e comportada, agora viajando a procura de novas perspectivas.
 A Tainá tinha uma certa inocência, mas de maneira alguma era ingênua (sempre foi esperta de mais para isso). Apesar de tudo, eu não esperava que fosse encontrá-la anos depois com essas ideias rebeldes. Quem diria?
 Eu tentava prestar atenção nas suas histórias (que de fato pareciam ser emocionantes) mas simplesmente não conseguia. Ela estava radiante...

Erik Schnabel


segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

O que é liberdade?

  Liberdade para mim é independência. Serei mais livre no dia em que morar longe dos meus pais. Quando não precisar mais gastar horas e horas, dia após dia enfurnado em uma sala onde o aprendizado se resume em: passar no vestibular ou em um concurso público. Não quero um emprego convencional, daqueles que me farão ter um colapso nervoso ou urticárias.
Hoje em dia a sociedade de consumo e a mídia querem moldar uma personalidade em mim que se encontra em fatores externos. Bom, Sócrates já dizia que todo o conhecimento nescessário já reside dentro do ser. Sem a devida cautela, podemos nos apropriar de ideias ilusórias provenientes dessas influências. O pior é que isso acontece com a maioria das pessoas, acabam por sacrificar a própria felicidade em busca de dinheiro e estatos social.
Serei mais livre se seguir a minha vida de acordo com a minha própria vontade. A minha pelo menos, é aprimorar e destilar a alma em busca do equilibrio. No momento em que me contentar com quem sou, não terei freios que me impeçam de crescer.
Somos um ser social, por isso devemos nos adaptar, nos subordinar aos princípios e ideais que regem esse convívio. Caso não aceite esses termos, posso até viver de forma reclusa. Porém sempre sujeito as leis da natureza e da física. Ou seja, no universo conhecido pelo homem, não existe total independência. Liberdade é um conceito abstrato e egoísta, pois tudo está interligado!

Erik Schnabel

Nada como a brisa da ladeira e um jump no lago pra refrescar as ideias!




domingo, 11 de dezembro de 2011

Maturidade

"De uma coisa eu sei
se mudei, foi pra melhor
se sumi, pra ficar só
um homem me tornei



Você, estagnado nessa fase
não percebe a mudança
pro lugar aonde vou
não existe mais criança



E é muito verdade
que se eu não me decidir
vou perder muito tempo
perdido por aí



Vários sóis já renasceram
eu consegui me encontrar,
dentro da sala abafada
de um reforço escolar

Eu não me ocupo

com quem vive no escuro
se você se despir,
verá que é crú e inseguro

Não gaste o seu tempo
para me impressionar
com um agir bem descolado
e seu modo de andar

Irracional e inconsequente
tem essa fama de doidão,
fantasia muito louca
mera alucinação... "




Erik Schnabel