segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Ultimamente, tenho tido algumas preocupações com o nível das minhas produções artísticas e sobre a minha capacidade de dar continuidade ao meu trabalho como artista. Em algumas divagações, vi o artista como um papel essencial na vida em sociedade. Desde os primórdios, se propondo a entreter e emocionar os demais. Assim como o pajé, o sábio da tribo, que contava histórias sobre suas experiências ao redor de uma fogueira, tenho certeza que o artista também se dispunha a compartilhar o seu melhor, nem que fosse contando uma piada, recitando uma poesia ou desenhando na areia da praia.
Hoje em dia, temos advogados, professores, padeiros, lixeiros e claro os artistas. Os quais têm tido sua imagem associada com fama, dinheiro, comportamentos "rebeldes", modismos e outros detalhes provenientes da mídia.
Admito que esse pensamento acabou me contaminando um pouco. Afetado por essas idéias, por um momento minha confiança se abalou. Enquanto me apresentava para um pequeno grupo de amigos tocando violão ao redor de uma fogueira, me vieram os pensamentos de que na verdade estava fracassando como tal; já não compunha fazia um tempo, estava ainda tocando junto aos mesmos amigos depois de anos.
Pensei nessas bandas famosas que estão firme e forte a anos executando seu trabalho com louvor. Sua mensagem consegue chegar aos ouvidos de todos...
Nesse último ano, também comecei a sentir mais dificuldade de me apresentar em público, ficava muito mais nervoso do que antes, o desafio parecia ser maior. Refletindo sobre essa situação mais tarde, percebi que isso estava acontecendo pelo fato de estar numa idade em que estão ocorrendo muitas mudanças. Tendo acabado de completar dezoito anos, me via como um ser mutante que está abandonando a condição de adolescente e adentrando na vida adulta.
Antigamente, eu apenas me divertia! Me apresentava, praticava música, desenhava, tudo isso como hobby. Hoje, já percebo uma cobrança maior (talvez uma cobrança de mim mesmo). Pois ninguém mais vai dizer: - Que bonitinho esse menininho! Toca violão e até compõe! - Eu tenho que escolher uma profissão e não vai ser mais brincadeira se eu quiser me tornar, de fato, um músico. E pior agora, desiludido com meu próprio trabalho...
Apresentei essas questões para alguns amigos e um deles me deu o melhor conselho que eu poderia receber. Disse que era uma pena eu ter perdido minha confiança, mas eu tinha que me esforçar para não desistir. Porque se eu parar de criar vai ser muito diícil voltar.
Me lembrei que antigamente eu não tinha essas preocupações e me considerava um artista muito mais digno do que hoje em dia. Me dei conta de que eu estou pensando mais sobre a minha condição do que sentindo. E é isso que um artista faz, sente. Por isso que eu tinha perdido o tesão pelos meus trabalhos, pois estava pensando de mais!
Foda-se a fama, o dinheiro... Os artistas, muitos deles, estão disfarçados de padeiros e advogados. O que importa é estarem dando o seu sangue pela arte.
Percebi também que quando toquei violão pros meus amigos ao redor da fogueira deve ter sido um fracasso mesmo. Também, pensando tanta besteira ao invés de me concentrar, independente do que estivesse fazendo, seria impossível fazer bem.






Erik Schnabel