quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Sexo com as estrelas




Quando que os animais deixaram de se agrupar por questões instintivas passando a ter valor psicológico e social? Qual seria a diferença entre uma alcateia de lobos e um grupo de macacos que começa atacar grupos inimigos, como no início do filme "2001 uma odisseia no espaço", causadas as vezes pela possessividade e ciúmes sobre uma fêmea. Essas guerras de macacos podem até levar ao estupro das fêmeas. O que entre humanos pode ser considerado um crime de violência na maioria das vezes no reino animal representa o poder de um sobre o outro. Pois até cachorros machos montam em cima de outros do mesmo gênero, não por atração homossexual mas para impor seu poder. Percebe-se o ciúmes afetivo em cachorros, com relação aos seus donos. Mas você tem que concordar que existe algo de diferente entre esses exemplos. Será que o comportamento animal também se baseia na sexo que Froid sempre falava? Bom, a sexualidade estrutura até as aparências físicas dos insetos, aves, mamíferos e provavelmente todos os seres vivos. Então por que não no modo de que eles se relacionam em grupo? Talvez uma mudança nos hábitos sexuais de uma determinada espécie tenha influência na hora de moldar toda a sua estrutura interpessoal. Mas o que houve? Algo aconteceu, existe uma diferença entre a maneira desses animais lidarem com sua sexualidade. Um passo evolutivo foi dado. Há muito tempo surgiu a reprodução sexuada, a meiose e a possibilidade de variabilidade genética, acredito que ocorreu outra mudança ocasionando uma diferença entre os exemplos da alcatéia de lobos e os macacos e mais tarde outra espécie de primatas dará a origem aos primeiros homens pré-históricos. Mas o que difere a nossa sexualidade do resto dos animais? Masturbação? Você pode até se surpreender mas várias espécies de animais inclusive em alguns macacos a masturbação já é evidenciada como parte dos seus hábitos sexuais. Interessado nesse assunto fui pesquisar mais e acabei descobrindo que a medida que o homem pré-histórico foi se tornando bípede, os seios passaram a ser um atrativo sexual tirando a exclusividade da bunda. Desse momento em diante nossos ancestrais passaram a fazer sexo de frente para o outro e não somente por traz como a maioria dos animais. Fiquei pensando nisso e me perguntei se não foi aí que o conceito de beleza passou a existir, associando não somente os aspectos corporais durante o sexo mas as afeições. Isso seria uma sofisticação que ao meu ver teria uma baita influência em muitos aspectos da nossa vida hoje em dia, até no desenvolvimento de culturas e da própria razão humana.Lembro de conversar no bar com uma amiga, a um tempo atras, sobre as influências do nosso instinto ainda nas nossas ações ainda nos dias de hoje. A a mulher se interessando inconscientemente pelos homens que possuem um porte de caçador, robusto, exalando testosterona e mais propício de trazer alimentos e defender sua família. E o homem por outro lado observando os seios, para proporcionar uma boa amamentação aos filhos e os quadris da mulher mais saudável para gerar filhos saudáveis e fortes. É claro que isso tem mudado bastante com a influência da mídia do último século para cá. Antes os homens tinham interesse nas mulheres mais rechonchudas, saudáveis, fortes... Mas um exemplo de algo que a mídia e toda a rede de cosméticos vende seria os cílios grandes acentuando as características femininas - o que só passaria a ter relevância depois dos nossos ancestrais começassem a praticar o coito de frente.Esse refinamento na nossa sexualidade, a invenção do conceito de beleza, pode ter sido decisivo para que os outros não tão atraentes começassem a procurar ornamentos, flores, roupas. Peraí! Dizem que se você é feio, você tem que pelo menos ter boa personalidade não é? Ou ser esperto, inteligente que por definição significa se adaptar. As vezes trazer mais alimentos para o bando, assumir a liderança, inventar ferramentas. Talvez o primeiro homem pré-histórico na hora de reproduzir o fogo, inventar a roda, criar uma lança, fosse para impressionar sua amada, ou simplesmente para queimar, esfaquear ou tacar uma roda na cabeça do seu rival mais bonito e forte que ele.Algo ocorreu, uma adequação foi necessária para surgir essa diversidade cultural primeiramente entre nações, religiões, tribos e também clubes, corporações, empresas como outros tipos de instituições. Se esse for o caso, seria interessante saber quais foram suas causas. Para então se perguntar o que há por vir.Mas é claro que além da suas influências culturais, em cada pessoa, nós temos uma tendência sexual individual, o que será relativo ao seu desenvolvimento social, tanto nas amizades e família como aos parceiros sexuais.Resumir toda a nossa realidade a um comportamento sexual pode parecer uma visão quanto limitada. Pois da mesma forma que o ser humano tem sua sexualidade, também tem o lado religioso, emocional, familiar... Mas você pode também observar que todas esses itens tem uma relação bem íntima com a sexualidade. As vezes o que pensamos da sexualidade como temática, como faceta da persona é na verdade a origem disso tudo. A religião surgindo para justificar seus ímpetos sexuais responsáveis pela sua existência nesse mundo, um complexo e misterioso mecanismo para nos aproximar do futuro parceiro reprodutivo. A ciência ainda tenta alcançar a resposta hoje em dia, com os novos tipo de biologia, psiquiatria e genética, acusando substâncias e hormônios como responsáveis para o nosso comportamento social. Encontrar uma parceira sexual, ter filhos e então desenvolver toda uma relação com seus parentes de sangue, uma congregação de um clã, um ramo genealógico oriundo do sexo e seus mistérios. A religião tenta responder a maior pergunta: "Qual o sentido da vida? Tentamos descobrir os sentido do sexo e suas consequências, a perfeição do nosso sistema solar, estamos distância ideal do sol, mas nós nunca teríamos a oportunidade de experiênciar isso sem o nosso nascimento aqui nesse planeta a partir do ato sexual. Nossas emoções ligadas ao sexo? Você pode pensar no amor como uma consequência dos mesmos hormônios e substâncias interferindo nas suas sinapses, lançados no seu sistema circulatório para fazer seu coração bater mais rápido, sentir aquele calor ou suor frio. Um frio na barriga como em um desfile de beleza, competição de força e teste intelectual com outros concorrentes para ganhar o coração de sua amada. E aquele momento de êxtase? Vindo por traz dessa primitiva conquista e no final como a união perfeita entre dois seres, que ironicamente, será o começo de uma multiplicação da vida, de novos organismos, a matemática da variabilidade genética: adição, potenciação de dois e divisão, acarretando numa multiplicação ou digamos uma progressão - exponencial - da vida.Dizem que os anjos não tem sexo, será que nosso ímpeto de unificação não seria uma tentativa, primitiva de se tornar um anjo, perpetuando a nossa existência, alcançando a imortalidade nem que seja na dimensão genética? Tentando encontrar sua existência fora das limitações morte e vida. Ou seja, ocupando o cargo do desconhecido, o outro lado da moeda, outro lado da existência, a existência na inexistência, a anti-matéria, aonde nem o imaginário humano pode se adentrar. Podemos pensar que as coisas quando surgiram foram separadas da inexistência, os seres vivos da inanidade, buscando sempre sua reprodução. Se não se reproduzirem enfrentarão a morte, o que é nada mais nada menos que o espaço destinado para originar a vida. Não sei o que teria ocorrido para iniciar essa divisão. Mas quando eu era pequeno eu ouvi uma história bem bonitinha que pode ilustrar o que eu estou dizendo. "Deus estava entediado e sentava sobre uma pedra enquanto pensava na vida, queria alguém para conversar. Então olhando para sua sombra e disse - Levanta-te! - E assim nasceu o diabo." Assim se iniciou o diálogo entre o yin e yang, o masculino e o feminino, o físico e o espiritual. Por isso que todos os seres vivos portam esse ímpeto natural, se unir com todas as coisas. Mas a união entre apenas dois basta por enquanto. Buscamos a união com o nosso oposto, se não o sexo oposto em outros opostos ou até o oposto em nós mesmos, alcançando a famosa imortalidade dos anjos, mesmo que seja por um segundo de prazer. Tese, antíntese e síntese. E assim segue a vida, aprendendo com o errado e o diferente, perpetuando sua existência. Pois a vida quando estática e absoluta não é vida.

Erik Schnabel